Obras de recuperação e conservação no Palácio da Pena: fachadas, muros, azulejos e cantarias
- Recuperação das fachadas, muros, conservação de azulejos e cantarias
- Investimento global de quase 270.000 Euros
- Pintores alpinistas acedem às zonas onde é difícil colocar andaimes
- Período de verão reúne as melhores condições para estes trabalho
Sintra, 30 de julho de 2014 – A Parques de Sintra iniciou no passado mês de junho uma intervenção nos revestimentos das estruturas edificadas que constituem todo o Palácio Nacional da Pena, onde existem rebocos caiados (paredes e muros), revestimentos azulejares e elementos de cantaria (pedra). O Palácio permanecerá aberto durante os trabalhos, mantendo a política de “Aberto para Obras” da Parques de Sintra, sendo que os andaimes não cobrirão todo o Palácio em simultâneo, para minimizar o impacto visual nos visitantes. Ambos os trabalhos estão previstos terminar antes do final do ano.
Recuperação das fachadas e muros
O projeto de recuperação das fachadas e muros na envolvente do Palácio foi motivado pelo facto de a generalidade se encontrar em condições de degradação no que diz respeito à caiação e aos barramentos coloridos. Isto deve-se sobretudo à presença de colonização biológica, pequenas zonas de fissuração e de desprendimento de argamassas. Grande parte das paredes exteriores do Palácio são revestidas a reboco caiado e a barramento colorido, eficazes revestimentos tradicionais na proteção do edifício, mas que requerem manutenção regular. Existem também alguns elementos revestidos com tintas plásticas, fruto de intervenções anteriores, que resultaram numa variedade de tonalidades dentro da mesma cor base. Esta intervenção dotará o Palácio Nacional da Pena de uma nova harmonia cromática.
Previamente, foram feitos estudos e análises de cor, que incluíram reuniões com técnicos da Direção Geral do Património Cultural (DGPC). Foram contempladas as melhores soluções para garantir não só o melhor resultado como também a proteção do monumento. Por exemplo, foi tido em conta que a alvenaria de pedra constituinte das paredes e muros do Palácio deve estar em equilíbrio higrotérmico com o meio envolvente, pelo que o seu revestimento tem que ser permeável ao vapor de água, para que não se deteriore. Deverão, assim, utilizar-se materiais tradicionais (tintas e argamassas à base de cal) para manter o modelo de funcionamento das paredes.
A equipa é constituída por 10 elementos, incluindo pintores, carpinteiros e também colaboradores para a montagem do andaime. O maior desafio desta empreitada reside no difícil acesso ao Palácio para montagem do material de andaime, especialmente nos muros exteriores. Desta forma, foram contratados dois pintores alpinistas (equipa de trabalhos verticais) para chegar a zonas como, por exemplo, as de canteiros com espécies vegetais a proteger, e muros construídos em escarpa, onde o acesso com o material de andaime é quase impossível. Estes têm os materiais necessários em baldes, presos com mosquetões ao arnês. Um outro grande benefício em utilizar estes pintores alpinistas é o de reduzir a quantidade de andaimes nos acessos, de acordo com a política “Aberto para Obras”, para manter o máximo de circuitos exteriores disponíveis para os visitantes.
Uma vez que as obras implicam a montagem de andaimes em torno do corpo do antigo Mosteiro e do corpo do Palácio novo, surge também a oportunidade de inspecionar e recuperar as caixilharias dos vãos ainda não reparadas. Desta forma, contribui-se para que os ricos revestimentos decorativos interiores e o mobiliário do Palácio sejam protegidos do clima agressivo e possam continuar a ser intervencionados com boa cadência.
Já no que concerne aos pormenores decorativos de pedra das fachadas e muros do Palácio, uma vez que são suscetíveis ao rápido desenvolvimento de colonizações biológicas e à acumulação de sujidade e poeiras, sofrerão igualmente um processo de recuperação e conservação.
Conservação dos azulejos e cantarias das fachadas
Devido ao microclima do alto da Serra de Sintra, foi imperioso que os trabalhos decorressem durante esta época do ano, pois é nesta altura que estão reunidas as melhores condições de trabalho para os conservadores-restauradores, sobretudo no que diz respeito à secagem dos materiais para preencher partes em falta e consolidar o suporte do revestimento dos azulejos.
A equipa é constituída por cerca de 10 elementos, incluindo especialistas em conservação e restauro de azulejos e materiais pétreos (pedra). Este é um requisito fundamental para o desenrolar de trabalhos tão específicos como este, num clima agreste e envolvendo fases tão distintas da história da construção do Palácio (como a fase conventual e a fase palaciana, esta última preparada com o requinte e a supervisão direta de D. Fernando II).
Esta intervenção, tanto na fase de projeto como na da obra, tem o apoio do Museu Nacional do Azulejo, através da sua conservadora-restauradora.
Para além de todo o Túnel do Tritão e fachada Noroeste, onde se localizam os azulejos com a esfera armilar e a famosa janela inspirada na Janela Manuelina do Convento de Cristo (cantaria), será intervencionada toda a enorme superfície de azulejos de inspiração neomourisca do corpo do Salão Nobre, a Cúpula e galilé da Capela (ainda da época de construção do primitivo Mosteiro Jerónimo) e dois dos arcos da entrada do Palácio, que incluem azulejos em relevo de Wenceslau Cifka.
A intervenção abrangerá zonas tão características do gosto e génio de D. Fernando II como a Janela do Tritão e a Porta Férrea, em diferentes alturas, para que os visitantes tenham sempre oportunidade de usufruir de algum destes espaços simbólicos. O mesmo cuidado foi tido no que respeita aos Arcos de Entrada, para que também permaneçam à vista os característicos azulejos em relevo de folha de videira enquanto os seus similares do Arco do Tritão estarão resguardados, sendo a situação invertida no segundo período da obra.
Aberto para Obras
O conceito “Aberto para Obras” refere-se à possibilidade de os visitantes dos polos sob gestão da Parques de Sintra presenciarem de perto os trabalhos de salvaguarda e valorização em curso nos diversos parques e monumentos, sendo também possível o diálogo com os técnicos envolvidos. Trata-se de uma das iniciativas mais emblemáticas da empresa, presente nos diversos projetos de requalificação implementados, sempre de portas abertas ao público.
Com base neste conceito, a Parques de Sintra inclui, em todos os projetos de recuperação que não coloquem em causa a segurança do visitante ou do trabalhador, a exigência de que os mesmos sejam efetuados à vista do público. Os técnicos respondem às questões que lhes são colocadas, motivados pela Parques de Sintra a explicar pro-ativamente aos visitantes o trabalho que estão a desenvolver. Pretende-se, deste modo, manter o trabalho em curso visível, permitindo aos visitantes reconhecer a exigência da conservação do Património (natural, arquitetónico e museológico) e compreender o investimento humano e financeiro necessário para a conduzir. Adicionalmente, ao assistir às obras, é mais imediata a noção da evolução das mesmas, o que potencia uma melhor apreciação dos resultados finais.
A Parques de Sintra acredita também que o facto de os visitantes assistirem a este tipo de trabalho poderá ser útil para o despertar de vocações, dado que vários milhares de pessoas, por ano, observam um tipo de trabalho que habitualmente é feito em gabinetes não acessíveis ao público em geral.
Sobre a Parques de Sintra - Monte da Lua
A Parques de Sintra - Monte da Lua, S.A. (PSML) é uma empresa de capitais exclusivamente públicos, criada em 2000, no seguimento da classificação pela UNESCO da Paisagem Cultural de Sintra como Património da Humanidade. A sua criação teve como objetivo reunir as instituições com responsabilidade na salvaguarda e valorização da Paisagem Cultural de Sintra, e o Estado Português entregou-lhe a gestão das suas principais propriedades na zona. Não recorre ao Orçamento do Estado, pelo que a recuperação e manutenção do património que gere são asseguradas pelas receitas de bilheteiras, lojas, cafetarias e aluguer de espaços para eventos.
Em 2013, os valores naturais e culturais que a PSML gere (Parque e Palácio da Pena, Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz, Chalet da Condessa d’Edla, Castelo dos Mouros, Palácio e Jardins de Monserrate, Convento dos Capuchos, e Escola Portuguesa de Arte Equestre) receberam aproximadamente 1.700.000 visitas, mais de 90% das quais por parte de estrangeiros.
São acionistas da PSML o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, a Direção Geral do Tesouro e Finanças (que representa o Estado), o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Sintra.
www.parquesdesintra.pt ou www.facebook.com/parquesdesintra
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