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António Brufau faz apelo a mix energético "realista" para uma "Europa forte"

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  • No seu discurso na assembleia-geral ordinária de acionistas, o presidente da Repsol, Antonio Brufau, condenou a agressão "terrível e injusta" da Rússia contra a Ucrânia, o que realça a urgência de garantir a autonomia energética europeia.
 
  • Defendeu a criação de rotas para alcançar um modelo descarbonizado em 2050 com base na neutralidade tecnológica sem "dogmas" e garantindo que não há "carências" ou "aumentos inaceitáveis nos preços da energia".
 
  • Brufau questionou se faz sentido utilizar gás importado dos EUA, que é abundante graças ao fracking, uma vez que é proibido no continente europeu. "Temos de nos perguntar se é realista confiar apenas na eletrificação para recuperar da crise,
sem ter em conta o papel que o gás natural e o petróleo têm de desempenhar durante muitos anos.", referiu.
 
  • Por sua vez, Josu Jon Imaz, CEO, avaliou os resultados do ano passado, o primeiro ano da estratégia 2021-2025. "Um Plano que nos impulsiona a acelerar a nossa jornada na transição energética, assegura rentabilidade para os acionistas e permitir-nos-á ser uma empresa mais forte, mais rentável e competitiva", sublinhou.
 
  • Acrescentou que a remuneração total dos acionistas estará em 2022 "claramente superior ao euro por ação, recuperando os níveis pré-pandémicos". "A nossa política de remuneração está entre as mais atrativas na bolsa espanhola e do nosso setor", acrescentou.
  
  • Os acionistas confirmaram a nomeação como administradores de José Iván Martén Uliarte e votaram a favor da reeleição como administradora de María del Carmen Ganyet i Cirera, Ignacio Martín San Vicente, e ainda, ratificaram a nomeação por cooptação e reeleição como administrador, de Emiliano López Achurra.
  
O presidente da Repsol, Antonio Brufau, apelou esta sexta-feira à oportunidade e responsabilidade de refletir sobre o que deve constituir o cabaz energético de uma "Europa forte". "Devemos perguntar-nos se é realista confiar a recuperação da crise, acompanhada por uma aceleração da transição energética, apenas à eletrificação com energias renováveis, sem considerar outras tecnologias que tornam possível a descarbonização, ou o papel que o gás natural e o petróleo terão de desempenhar durante muitos anos", afirmou durante a assembleia-geral de acionistas da empresa, realizada esta sexta-feira, em Madrid.
Antonio Brufau, que iniciou a sua intervenção expressando a firme condenação da agressão "terrível e injusta" da Rússia contra a Ucrânia, salientou que este cenário realçou a urgência de garantir a autonomia energética da Europa e também a dos materiais e componentes essenciais. Isto, abordando a transformação da indústria para alcançar a neutralidade climática até 2050 e sabendo que a transição energética é uma tarefa inevitável e urgente para todos. Contudo, sem esquecer que a competitividade económica e o bem-estar social exigem um equilíbrio entre a segurança das redes de abastecimento, preços acessíveis e sustentabilidade.
Na sua visão, agora é o momento de conceber corretamente as rotas para minimizar as emissões de gases com efeito de estufa o mais rapidamente possível, a um custo acessível, "sem dogmas", com pragmatismo e "sem a arrogância intelectual" de pretender definir, a priori, como atingir os objetivos num futuro que ainda não está especificado. Salientou ainda que a transição energética implicará custos de "centenas de biliões de dólares" até 2050, e que é essencial que não haja escassez ou aumentos incomportáveis dos preços da energia.
De acordo com o presidente da Repsol, a reação à agressão russa ajudou a reposicionar a Europa no mapa geopolítico global. A seu ver, este momento devia ser acompanhado de outros passos na mesma direção, no que diz respeito à autonomia energética. Sobre este ponto, apelou a que não se retrocedesse e alertou para as consequências de não medir o impacto de políticas energéticas que são provavelmente "bem-intencionadas", mas por vezes "pouco realistas".
"Faz sentido substituir o gás russo por importações de gás natural dos Estados Unidos, que tem preços locais mais baixos d que a Europa não beneficia, e é muito abundante graças ao fracking, enquanto proibimos esta técnica no nosso continente?", perguntou Antonio Brufau, durante a sua intervenção. O responsável questionou-se ainda sobre o sentido de reduzir o debate sobre a geopolítica dos minerais essenciais para a transmissão de energia, "quase ao anedótico"; de "ignorar" o facto de que continuaremos a precisar de energia que tem origem nos hidrocarbonetos; e de que haverá indústrias e setores europeus, cuja descarbonização será difícil de conseguir com eletricidade renovável.
Legislação europeia
 
Antonio Brufau referiu-se também às políticas e regulamentos europeus relativos à transição energética. Classificou de "louvável" que a Europa queira adotar a liderança global na luta contra as alterações climáticas, apesar de se prever que, no final da presente década,
represente apenas 5% das emissões globais. Apelou ainda a uma reflexão sobre os custos de se assumir esta liderança de forma solitária.
No seu discurso, destacou a forma como defende o princípio da neutralidade tecnológica. "Quando se investigou a vacina da Covid, ninguém impôs um tipo de tecnologia. Esta foi uma das chaves do sucesso.” Insistiu ainda que a descarbonização não é sinónimo de eletrificação. "A regulamentação deve promover, e não proibir, facilitar, e não condicionar", assegurou.
“Existe um enviesamento infundado e contraproducente perante a mobilidade elétrica, como solução única e imediata para o transporte terrestre", sublinhou o responsável. Defendeu que os combustíveis líquidos renováveis e a biomassa, e a longo prazo, também o carbono capturado da atmosfera e hidrogénio, são necessários para acelerar a eletrificação através dos veículos híbridos, com a consequente criação de empregos nas indústrias automóvel e de componentes. Apelou igualmente à eliminação das barreiras à utilização de matérias-primas sustentáveis para a produção de biocombustíveis avançados a partir de resíduos orgânicos.
Em matéria de finanças sustentáveis, o presidente da Repsol alertou para os enviesamentos “desnecessários” na designada taxonomia europeia e considerou que se está a tempo de definir um standard respeitoso perante a neutralidade tecnológica. Sobre a atribuição dos Fundos Europeus Next Generation, alertou para que sejam tidas em conta as áreas que podem favorecer o tecido industrial e criar mais emprego, como por exemplo as relacionadas com a economia circular, para produzir combustíveis e materiais.
 
Antonio Brufau reivindicou o compromisso sustentado durante décadas pela empresa, na luta contra as alterações climáticas e referiu-se à estratégia de transição energética da Repsol, que esta sexta-feira foi apoiada pelos acionistas, depois de ter sido submetida, pela primeira vez, a um voto consultivo pela assembleia através de uma proposta do conselho de administração. A empresa passará a informar, anualmente, a implementação dos planos de descarbonização, comprometendo-se a submetê-la novamente aos acionistas, sempre que seja atualizada ou sofra alterações significativas.
 
“Estes tempos complexos exigem que demos o melhor de nós próprios. Podem estar certos do compromisso da Repsol com a sociedade, para dar resposta às suas necessidades energéticas, recorrendo à transição energética para alcançar as zero emissões líquidas rentáveis para os nossos acionistas”, acrescentou.
 
Transformação industrial, emprego de qualidade, compromisso com o meio ambiente e garantia de uma remuneração atrativa para o acionista
 
Na sua intervenção perante os acionistas, o CEO da Repsol, Josu Jon Imaz, reviu o exercício de 2021, o primeiro ano de vigência do Plano Estratégico 2021-2025. Destacou que foi um ano relevante para a empresa, durante o qual se aproveitaram as oportunidades de recuperação da economia e da mobilidade, para voltar aos resultados pré-pandemia.
 
O CEO da multienergética concentrou-se particularmente no tema da retribuição aos acionistas. “A nossa política retributiva é uma das mais atrativas da bolsa espanhola e do nosso setor”, referiu Imaz, antes de ratificar o compromisso de continuar a oferecer uma retribuição “acima dos compromissos estabelecidos no Plano Estratégico”. A remuneração total, tendo em conta o dividendo em dinheiro, as reaquisições e o cancelamento previsto de ações, ficará em 2022, “claramente acima do euro por ação, recuperando os níveis pré-pandemia e acelerando o objetivo definido inicialmente para 2025 no Plano Estratégico”, destacou.
 
Imaz centrou-se no processo de transformação que está a ser levado a cabo pela Repsol no seu Plano Estratégico 2021-2025. “Um plano que nos motiva a acelerar a nossa viagem na transição energética, uma vez que assegura a rentabilidade aos acionistas, o que permitirá que nos convertamos numa empresa mais forte, rentável e competitiva”, explicou.

Para Imaz, a Repsol conta com uma agenda exigente de descarbonização, que prevê uma redução do Indicador de Intensidade de Carbono em 15%, em 2025, em 28% em 2030 e em 55%, em 2040. No período do Plano Estratégico, a Repsol vai destinar 35% do investimento, 6.500 milhões de euros, a projetos de baixo carbono. Uma percentagem que, segundo revelou Imaz, supera as das empresas concorrentes. Da mesma forma, referiu que os 40% da estrutura acionista institucional da empresa está alinhado com os critérios ESG, comparando com os 17,5% da média das empresas do setor.
 
 
(Mais informação no comunicado em anexo)

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