Três em cada dez portugueses que se sentiram doentes durante a pandemia não recorreram aos cuidados de saúde
Estudo “Acesso a cuidados de saúde em tempos de pandemia” revela que COVID-19 dificultou o acesso para mais de metade dos portugueses
Lisboa, 29 de setembro de 2020 - Embora a maioria dos 664 mil portugueses que se sentiram doentes durante a pandemia - 454 mil, ou seja, 69% - tenha recorrido aos cuidados de saúde, três em cada dez (210 mil ou 31%) não o fizeram. Os dados foram divulgados hoje, na Ordem dos Médicos, em Lisboa, na apresentação do estudo “Acesso a cuidados de saúde em tempos de pandemia”, da responsabilidade da GFK Metris e promovido pelo Movimento Saúde em Dia - Não Mascare a Sua Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) e da Ordem dos Médicos, em parceria com a Roche.
Ao todo, mais de metade dos portugueses (57%) considera que a pandemia dificultou o seu acesso aos cuidados de saúde, sendo a população mais idosa (69%) e os doentes crónicos (70%) quem mais manifesta esta dificuldade. Uma situação que resulta de uma experiência efetiva: ao todo, revela o mesmo estudo, 692 mil portugueses não realizaram as consultas médicas que estavam marcadas. A quase totalidade das consultas não realizadas foram canceladas pelas unidades de saúde. Muitos portugueses ainda manifestam receio no acesso aos cuidados de saúde em tempos de Covid-19 - apenas metade da população diz sentir-se segura.
Cerca de 40% dos portugueses diz que recorreria de certeza a cuidados de saúde durante a pandemia em caso de necessidade; 35% afirma que só recorria a cuidados de saúde se a situação fosse grave e mais de 22% indica que “provavelmente recorreria” a cuidados durante a pandemia.
Quem manifesta insegurança refere o receio de contágio como principal justificação para evitar uma ida ao médico.
A telemedicina foi outro dos temas abordados pelo estudo, que quis perceber de que forma os portugueses receberam esta alternativa. Contas feitas, 775 mil tiveram uma consulta médica por telemedicina marcada neste período pandémico, com a esmagadora maioria (90%) a realizá-la. No entanto, em 95% destes casos as consultas foram feitas por telefone, não configurando uma efetiva consulta de telemedicina - menos de 5% dessas teleconsultas envolveram transmissão de imagem.
E apesar de a experiência ter sido considerada muito satisfatória, a verdade é que dois terços não gostariam de voltar a ter esta solução em nenhuma situação ou só em casos muitos excecionais. Para outro terço a teleconsulta só poderia ser uma opção em algumas consultas. Só 2% das pessoas gostariam de manter a teleconsulta em todas ou quase todas as ocasiões.
O estudo quantitativo foi realizado com base em questionários presenciais, entre 28 de agosto e 7 de setembro, com uma amostra representativa da população portuguesa, constituída por mais de mil pessoas a partir dos 18 anos, residentes em Portugal Continental.
O Movimento Saúde em Dia - Não Mascare a Sua Saúde foi lançado no início de setembro pela Ordem dos Médicos e pela APAH, em parceria com a Roche, com o objetivo de alertar a população para a importância de estar atenta a sintomas e sinais que precisem de observação médica, mas sem esquecer também as regras já conhecidas para combater a pandemia.
Trata-se, no fundo, de um apelo para que a saúde dos portugueses não seja descurada.
O Movimento pode ser acompanhado em www.saudeemdia.pt.
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