Tatiana Macedo vence Prémio Sonae Media Art
O Prémio Sonae Media Art é uma iniciativa da Sonae com o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado com o objetivo de premiar jovens criadores de nacionalidade portuguesa que apresentem trabalhos inéditos tendo o multimédia como suporte e/ou tema, quer de uma forma exploratória e inovadora, quer sob um ponto de vista crítico e histórico.
A primeira edição do Prémio Sonae Media Art, iniciativa promovida pela Sonae em parceria com o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, teve como grande vencedora a artista Tatiana Macedo.
O Prémio Sonae Media Art, o maior prémio nacional na área dos novos media, é bienal e atribui um montante de € 40.000 ao artista vencedor, bem como uma bolsa inicial de € 5.000 a cada um dos cinco finalistas para o desenvolvimento de uma obra exclusiva. A iniciativa integra o acordo de mecenato celebrado entre a Sonae e o MNAC-MC e enquadra-se na política de responsabilidade corporativa da Sonae, que procura promover a criatividade e a inovação, estimular novas tendências e aproximar a sociedade à arte, nomeadamente através de manifestações culturais de relevo que permitam experiências enriquecedoras de desenvolvimento pessoal e coletivo.
O Prémio Sonae Media Art abrange as formas de criação contemporânea que vão desde a imagem ao som, incluindo a exploração do media vídeo, computação, som e mixed-media, em que outras formas de arte como a performance, a dança, o cinema, o teatro ou a literatura poderão ser incorporadas.
As cinco obras selecionadas pelo júri de seleção estão patentes numa exposição conjunta, no MNAC – Museu do Chiado, até ao dia 31 de janeiro. A vencedora foi escolhida pelo júri de premiação, constituído por Lori Zippay (diretora executiva da Electronic Arts Intermix em Nova Iorque), Marco Martins (cineasta) e João Silvério (curador de arte contemporânea).
“O Júri considera que o prémio Sonae Media Art se afirma como o mais relevante e avultado premio no panorama da arte contemporânea portuguesa, promovendo dois aspetos essenciais: a criação e a qualidade artística.
As cinco obras finalistas foram intensamente analisadas e debatidas pelos elementos do júri, reconhecendo a amplitude crítica de questões artísticas que as mesmas colocam no cerne da multitude conceptual da media arte.
Ponderados todos os fatores subjacentes à essência do prémio e às obras apresentadas o júri selecionou por unanimidade a artista Tatiana Macedo como vencedora da primeira edição do Prémio Sonae Media Art.
O Júri considerou que a obra apresentada, intitulada 1989, é a mais bem articulada, coerente e aprofundada nos seus múltiplos aspetos artísticos e conceptuais. A obra 1989 explora o meio videográfico e fílmico, através de uma tripla projeção com som espacializado, duma forma pessoal e sensível, relacionando o individual com o político. A artista trabalha na sua obra três grandes linhas de questionamento: o documental, o ficcional e o arquivo, aspetos de importância fulcral no pensamento e prática artística da contemporaneidade. Do ponto de vista técnico e artístico os processos utilizados pela artista revelam uma complexidade de exploração do medium, através da montagem e na forma como constrói diferentes ligações entre fragmentos narrativos e documentais. A obra 1989 revela uma investigação continuada da artista na área do vídeo e do filme e das suas relações com a memória, a história e a cultura contemporâneas.
O júri gostaria ainda de salientar a particular qualidade e relevância dos trabalhos apresentados pelos restantes artistas finalistas, demonstrando um campo de investigação e experimentação alargado, patente nos diversos media que os constituem.
O ambicioso projeto de Patrícia Portela, Parasomnia, que convida o visitante a uma experiência interativa onde se procede a uma reflexão sobre a relação do ser humano com o sono e o sonho, na sua simbologia e associações estéticas, literárias e psicanalíticas. O visitante é confrontado, através de dois momentos e em duas câmaras interligadas, com uma relação ambígua entre saber e sentir, em que a performatividade é um dado da experiência desse visitante, de modo a acionar um mapa perceptivo que apela aos vários sentidos.
A provocatória obra do coletivo Musa paradisiaca ( Eduardo Guerra e Miguel Ferrão), uma instalação composta por duas obras, Cantina –Fábula e Fome Animal. Este trabalho enquadra-se numa série que a dupla de artistas tem produzido, em diversos contextos públicos e museológicos, convocando a participação dos visitantes na celebração ecuménica, e assim performativa, da partilha do pão sobre a mesa. O trabalho sublinha também a história do relacionamento antagónico entre condição humana e animal, ao mesmo tempo que reflete sobre a natureza da individualidade perante a partilha, em que o ato coletivo de comer e pensar é problematizado.
A singular exploração sonora desenvolvida por Rui Penha, Resono, que convoca o visitante a uma inquietante experiencia interativa através de dispositivos sensoriais, utilizando uma linguagem informática aliada a técnicas sonoras oitocentistas. Dispositivos que pairam no espaço, disponíveis, passivos, estáveis e silenciosos cuja existência depende de uma interação com o visitante. A instalação é ainda complementada pela presença de uma pintura da autoria de Columbano Bordalo Pinheiro, Concerto de Amadores (1882), pertencente à coleção do MNAC-MC. A relação entre o conjunto de dispositivos e a pintura prende-se com a evocação de um princípio de liberdade, presente na vontade de cantar, livre e espontânea que Columbano retratou, e a possível ação de cada indivíduo ou grupo de indivíduos que sensibilizem os dispositivos e assim iniciem uma hiperligação sonora e sensorial através de pressupostos digitais.
A rigorosa exploração do medium efetuada por Diogo Evangelista, através de um conjunto de três vídeo projeções autónomas e em diferentes dispositivos e escalas, sob o título Down in the Valley construindo narrativas de grande beleza e diferentes relações visuais e conceptuais sobre os limites do fantástico, do conhecimento e da ficção. Nesta instalação é invocado um campo de possibilidades num universo construído sobre a ideia da impossibilidade como meio de superação humana. Tal como Houdini, entre a ilusão e o rigor que presentifica essa mestria idealizada que tanto pode estar presente nos movimentos sincopados de um autómato, como na meticulosa operação culinária de uma receita improvável. Contudo, o tempo pode ser ainda o último reduto dessa ilusão, que só a nossa presença e a nossa disponibilidade podem compreender”.
Luís Filipe Reis, CCCO da Sonae, afirma: “A Sonae está permanentemente a promover iniciativas que contribuam para cumprir a sua missão de promover os valores da criatividade e inovação na sociedade. O Prémio Sonae Media Art constitui um importante marco nesta estratégia, pois introduz em Portugal um novo estímulo para os artistas portugueses, que passam a poder ver reconhecido o seu trabalho ao mesmo tempo que beneficiam de incentivos à produção de novas obras.”
Samuel Rego, diretor do MNAC-MC, afirma: “A utilização das linguagens digitais no campo artístico e o assegurar da divulgação do trabalho realizado, assente no intercâmbio sem fronteiras entre os criadores, são os vértices de um triângulo cuja base foi sustentada desde o início por uma relação de estreita parceria entre o MNAC e a Sonae. Este é um exemplo extremamente positivo de conjugação de visões e objetivos, aliando uma política de mecenato atenta às novas tendências aos propósitos de uma instituição como o MNAC, orientada para o cruzamento de linguagens artísticas, a experimentação e a captação de públicos informados e cosmopolitas. Agradecemos o empenho da Sonae e a participação dos artistas. Do nosso lado, tudo faremos para assegurar a continuidade desta parceria frutuosa e assente na geração de valor cultural e da sua sustentabilidade.”
(Comunicado integral, com depoimentos dos cinco finalistas, em anexo)
(Fotografia de Tatiana Macedo em anexo)
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