Festival de narração Contos d’Avó termina em festa
O festival de narração oral organizado pelo Teatro da Didascália encerrou no passado sábado, 30 de setembro, com uma festa de contos, cantos, danças e bombos, na belíssima Quinta da Bemposta, em Joane.
E foi ao som de caixas e bombos, tocados por elementos do público, que se dirigiram ao pinhal onde, sentados em cima de um tronco de árvore, os esperavam os narradores Jorge Serafim e Luzia do Rosário. Casa espectador transportou a sua própria cadeira, à maneira familiar e descomprometida a que os Contos d’ Avó já nos habituaram. No final da sessão houve ainda tempo para ouvir Joaquim Azevedo, um espectador fiel do festival, que todos os anos nos brinda com o seu fabuloso repertório tradicional.
No regresso da sessão houve quem parasse para apanhar castanhas e avelãs, e cheirar a hortelã que se espraia pelos caminhos. De volta ao espaço onde já os esperava uma merenda e o aromático vinho verde Via Latina, tempo para um último conto, desta feita pela voz de Patrícia Amaral, coordenadora do festival: “Livro em branco”, o conto que nos fala da importância dos momentos de prazer intenso e que encerra o festival desde a sua primeira edição. Seguiu-se, então, o arraial, dinamizado pela Rusga de Joane, onde todos participaram.
A adesão do público tem vindo a crescer de edição para edição, razão pela qual os organizadores optaram por um formato mais aberto nesta edição. Sendo um festival dialógico, onde a auscultação do público e um relacionamento muito próximo são prioritários, a organização percebeu que a participação nas sessões realizadas em casas de ‘avós’ (formato das três primeiras edições), foi aumentando de ano para ano, evidenciando um interesse crescente pela arte da narração e por este convívio tão despojado. Por outro lado, o aumento da adesão a estas sessões exigia já outro tipo de espaços e, de certa forma, obstaculizava um dos grandes objetivos desta atividade: levar o próprio público a participar ativamente na sessão, partilhando o seu próprio repertório. Com mais pessoas a assistir e pessoas ‘estranhas’, o à-vontade não é o mesmo. Assim, num ano de transição para um projeto onde, idealmente, será possível manter os dois formatos (sessões íntimas em casas particulares, tendo em vista a partilha de memórias e saberes, e sessões em espaços públicos), o Teatro da Didascália ofereceu ao público de Joane (e arredores) um festival esteticamente cuidado, com momentos belíssimos na Casa da Igreja, na Capela dos Santos Passos e na Quinta da Bemposta, levando-o numa viagem de sabedoria, intuição e celebração: a viagem do herói. Não houve casamento no final, mas houve festa, tal como um final feliz exige.
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