COVID-19: FEUC avalia vulnerabilidade socioeconómica dos seus estudantes e famílias no contexto da pandemia
Uma parte significativa de estudantes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) encontra-se em situação de vulnerabilidade económica devido à pandemia de COVID-19, revelam os primeiros resultados de um estudo realizado por duas investigadoras desta faculdade.
Este estudo, que contou com a participação de 440 estudantes de licenciatura e mestrado dos vários cursos ministrados na FEUC (Economia, Gestão, Sociologia e Relações Internacionais), pretende avaliar a «vulnerabilidade económica das famílias dos estudantes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra decorrente da pandemia COVID-19, e como estão os estudantes a adaptar-se ao contexto, nomeadamente compreender como percecionam a passagem a um regime de ensino a distância atendendo à avaliação que fazem das suas condições de estudo nas suas residências familiares», explicam as autoras, Rita Martins e Patrícia Moura e Sá.
«Ainda que para já o número de casos de desemprego diretamente imputável à COVID-19 seja bastante reduzido, verifica-se que 15,5% dos agregados têm pelo menos um elemento com atividade suspensa e que há 19,3% das famílias com pelo menos um membro em lay-off. Tendo em conta a correspondente redução de rendimentos e o risco de desemprego futuro, pode-se assim dizer que uma proporção significativa de estudantes está, pelo menos circunstancialmente, em situação de vulnerabilidade económica», esclarecem as investigadoras do CeBER (Centre for Business and Economics Research) da FEUC.
Em relação às consequências sobre a vida académica, segundo o estudo, praticamente três quartos dos participantes consideram ter menos condições para obter sucesso académico. Entre os constrangimentos apontados, destacam-se a compreensão das matérias lecionadas à distância (43%) e as condições em termos de espaço físico para trabalhar com algum sossego (26%).
Contudo, apenas 5% dos inquiridos admite como bastante provável a hipótese de interromper os estudos, ao passo que cerca de 20% admite como muito provável a hipótese de prolongar os estudos e entrar no mercado de trabalho mais tarde. As decisões quanto à mobilidade internacional parecem ter sido bastante afetadas - um terço considera que não terá condições de o vir a efetivar no próximo ano, e entre os que pretendiam fazê-lo no futuro, 43% indica que a probabilidade de o concretizar foi afetada pela pandemia.
Para o diretor da Faculdade de Economia, Álvaro Garrido, este estudo permite «obter informação muito relevante para um diagnóstico dos efeitos socioeconómicos da COVID-19 nos cerca de três mil estudantes da FEUC. Esta monitorização, quase uma radiografia social, é fundamental para conhecermos a nossa realidade e para podermos apoiar os estudantes. Intuitivamente, ou de maneira impressiva, sabemos que muitos estudantes vivem situações difíceis e que as desigualdades se agravaram com a pandemia. Esses impactos são dinâmicos e quase silenciosos, daí que seja importante conhecer os dados e identificar padrões».
«Contando com o apoio da UC e dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC), a FEUC vai incentivar o aprofundamento deste estudo e promover outros diagnósticos de autoconhecimento», conclui.
A recolha dos dados decorreu entre 24 de abril e 13 de maio através de inquérito aos estudantes matriculados em 2019/2020 na Faculdade Economia da UC. Em relação à área de residência, 55% dos respondentes residem fora do distrito de Coimbra e 32% no concelho de Coimbra.
No âmbito das medidas a tomar para lidar com o impacto financeiro da COVID-19, 74% dos estudantes que suportam encargos com renda para residir em Coimbra durante o período escolar, à data do inquérito, afirmaram continuar a suportar despesas de alojamento apesar da atividade letiva presencial ter sido totalmente suspensa.
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