SUSTENTABILIDADE DOS IMÓVEIS COMO FATOR DE DECISÃO PARA A AQUISIÇÃO

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“Avaliação e Sustentabilidade – um novo paradigma” levou ao Museu do Oriente, 250 profissionais ligados ao setor da avaliação de património, bem como duas dezenas de parceiros nacionais e internacionais que representam as instituições mais relevantes do setor.

 

Na abertura da Conferência Filipa Roseta, Vereadora da Habitação e Desenvolvimento Local da Câmara Municipal de Lisboa, começou por realçar o trabalho desenvolvido pela ANAI em prol da valorização do setor de avaliação imobiliária, destacando que teve oportunidade de contactar, pela primeira vez, com a Associação na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, destacando o importante apoio e contributo da Associação. Foi, igualmente, no âmbito da Comissão de inquérito que percebeu a relevância da atividade de avaliação imobiliária para a estabilidade do sistema financeiro, e os riscos que comporta para a sustentabilidade dos bancos. Em resultado, a Comissão de Inquérito concluiu a importância de se promover uma forma “mais robusta de organização da função de avaliador imobiliário, através da constituição de uma associação profissional única, capaz de regular a função e fiscalizar a objetividade e independência dos profissionais autorizados a exercer essa função.  Chamou também a atenção para a necessidade e se encontrar melhores condições para o setor da avaliação e para os próprios profissionais, afastando o setor de uma monopolização de players, para a criação de uma maior dinâmica de mercado e melhor gestão de conflitos de interesses.

 

A urgência na transição da sustentabilidade dos imóveis, não só por questões ecológicas, mas pelo cumprimento das metas europeias, foi outro dos temas focados na Conferência Internacional de Peritos Avaliadores, organizada pela Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários, no âmbito do projeto High Value.

 

Os imóveis construídos de forma sustentável serão os mais valorizados nos próximos anos, e este racional económico vai impulsionar a mudança. Apesar de agora a sustentabilidade ainda não ser um fator decisivo na altura da compra, sem ela, o setor não estará à altura das exigências do mercado. Neste sentido a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação de Edifícios em Portugal já está em curso e propõe-se a transitar todos os edifícios para classe energética A até 2050. Uma transição que terá um impacto significativo no desempenho e valorização do imóvel e ao nível da fatura energética.

 

“O potencial de oportunidades de melhoria vai significar uma poupança de cerca de 1.000 milhões de euros por ano nas faturas energéticas, e temos hoje condições extraordinárias para transformar estruturalmente os edifícios nos próximos anos, entrando num novo paradigma de sustentabilidade, nomeadamente tendo em conta os financiamentos previstos pelo PRR,” defendeu Nelson Lage, presidente da ADENE.

 

A preocupação com a sustentabilidade no imobiliário comercial está na agenda dos investidores, mas ainda não se verifica o mesmo com a habitação, não se traduzindo, diretamente, no valor dos ativos, enquanto fator de valorização, assim como a implementação de uma economia circular.

 

“Temos de começar a discriminar em termos de regulação, nomeadamente preparando materiais e metodologias para que as coisas avancem, como acontece já com a certificação energética. Em termos de economia circular considero que a cadeia de valor ainda está muito precoce no que diz respeito à utilização de materiais sustentáveis. Neste campo o Estado deveria ser o exemplo, através da contratação pública. Se este grande poder aquisitivo passar a comprar mais verde, as cadeias de valor mudam do dia para a noite,” afirmou Nuno Lacasta, da Agência Portuguesa do Ambiente.

 

Bruno Sauer, CEO do Green Building Council em Espanha e Felipe Romero, diretor do Instituto de la Construcción de Castilla y León chamaram a atenção para a necessidade de se pensar hoje nas exigências dos próximos anos trabalhando numa lógica de economia circular, para que o proprietário possa ter mais certezas sobre o que vai acontecer ao seu imóvel nos anos seguintes. A avaliação deve refletir todo o ciclo de vida do imóvel, e não num momento concreto, com critério objetivos e concretos. Toda a construção deve ser pensada de forma sustentável, adaptada às alterações climáticas e que acrescente valor num futuro próximo.

 

A Lei Europeia do Clima estabelece que a emissão de gases de efeito estufa (GEE) da UE devem diminuir em 55% até 2030 e ser zero até 2050. Abrange toda a economia: indústria, serviços, transportes, agricultura e o mais importante de todos, edifícios, uma vez que só eles representam 36% das emissões de GEE da UE. Nenhum setor isolado pode escapar ou reduzir sua carga, porque todos os setores são levados ao limite. Por exemplo, a fabricação de automóveis precisa ser neutra em carbono até 2035. Isso é uma revolução industrial,” relembrou Krzysztof Grzesik, Presidente TEGOVA.

 

Numa lógica de avaliação criteriosa e confiável, Carla Rodrigues da Mãe, Diretora do Departamento de Supervisão Prudencial e Autorizações na CMVM referiu que “A integridade dos comportamentos dos Peritos Avaliadores é uma condição absoluta do exercício e da credibilização da profissão, sendo essencial que possuam uma qualificação académica/profissional adequada à avaliação de imóveis, competência profissional que permita conhecimento do tipo de ativo, do mercado onde se insere e do quadro regulatório aplicável.”

 

A Conferência foi encerrada por Nuno Mangas, Gestor do COMPETE, que não quis deixar de salientar a importância e o impacto da classe no sector e parabenizar a ANAI pelo desenvolvimento e implementação do projeto High Value (SIAC – COMPETE2020) que visa o incremento das competências dos Peritos Avaliadores que atuam no setor da avaliação imobiliária, promovendo a sua qualificação profissional e a diversificação da oferta de serviços através da inovação, capacitação e progressão na cadeia de valor.

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