O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento distingue este ano o político russo da oposição e ativista anticorrupção Alexei Navalny. |
A decisão foi hoje tomada pela Conferência dos Presidentes do Parlamento Europeu (PE), constituída pelo presidente da instituição e pelos líderes dos grupos políticos, e anunciada em plenário pela vice-presidente do PE, Heidi Hautala. A cerimónia de entrega do galardão realiza-se no dia 15 de dezembro, em Estrasburgo.
O presidente do PE, David Sassoli, afirmou: “Alexei Navalny tem feito uma campanha consistente contra a corrupção do regime de Vladimir Putin e, através dos seus relatos nos meios de comunicação social e campanhas políticas, tem ajudado a expor abusos e a mobilizar o apoio de milhões de pessoas em toda a Rússia. Devido a isso, foi envenenado e atirado para a prisão. Ao atribuir o Prémio Sakharov a Alexei Navalny, reconhecemos a sua imensa coragem pessoal e reiteramos o apoio inabalável do Parlamento Europeu à sua libertação imediata".
A vice-presidente do PE, Heidi Hautala, disse: “Este ano, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é atribuído a um defensor da mudança. Alexei Navalny demonstrou grande coragem nas suas tentativas de restaurar a liberdade de escolha do povo russo. Durante muitos anos, lutou pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais no seu país. Isso custou-lhe a sua liberdade e quase a sua vida. Em nome do Parlamento Europeu, apelo à sua libertação imediata e incondicional”.
"Hoje, o Parlamento Europeu homenageia também um grupo de mulheres afegãs que lutaram ferozmente pela igualdade e pelos direitos humanos no seu país e que foram pré-selecionadas para o Prémio Sakharov. Queremos honrar a bravura destas mulheres, pois estão entre as primeiras a sofrer violações dos seus direitos e liberdades mais básicos depois de os talibã terem tomado o controlo do Afeganistão", acrescentou.
Luta contra a corrupção na Rússia
Alexei Navalny é um ativista anticorrupção e um grande opositor político do Presidente russo Vladimir Putin. Ganhou destaque a nível internacional por organizar manifestações contra Putin e o seu governo, tendo concorrido ao cargo e defendido reformas contra a corrupção. Em agosto de 2020, Navalny foi envenenado e passou vários meses a recuperar em Berlim. Foi preso no seu regresso a Moscovo, em janeiro de 2021. Está atualmente a cumprir uma pena de três anos e meio de prisão, faltando ainda mais de dois anos. Encarcerado numa prisão de alta segurança, Navalny entrou numa longa greve de fome em finais de março de 2021 para protestar contra a falta de acesso a cuidados médicos. Em junho de 2021, um tribunal russo interditou as delegações regionais de Navalny e a sua Fundação Anticorrupção, consideradas extremistas e indesejáveis pelas autoridades russas.
Pode encontrar mais informações sobre os finalistas deste ano aqui.
Contexto
Todos os anos, desde 1988, o PE atribui o Prémio Sakharov (assim chamado em homenagem ao dissidente soviético Andrei Sakharov) a pessoas ou organizações que se destacam na defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. No ano passado, o prémio foi atribuído à oposição democrática da Bielorrússia, representada pelo Conselho de Coordenação, uma iniciativa de mulheres corajosas e de figuras da política e da sociedade civil. |
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