Mundial 2022: Parlamento Europeu condena situação dos trabalhadores migrantes no Qatar
O Parlamento Europeu manifestou ontem a sua preocupação com a situação dos trabalhadores migrantes no país que vai organizar o Campeonato Mundial de Futebol de 2022. Os eurodeputados apelam a que peritos laborais independentes, nomeados pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tenham acesso a todas as instalações e o poder de fazer recomendações vinculativas para assegurar o respeito das normas laborais internacionais no Qatar.
O Parlamento Europeu recorda à FIFA que "a sua responsabilidade não se limita ao desenvolvimento do futebol e à organização de competições" e exorta-a a enviar uma mensagem clara e forte ao Qatar para impedir que os preparativos para o Campeonato Mundial de 2022 sejam manchados por acusações de trabalho forçado.
Os longos horários de trabalho, as condições de trabalho perigosas, o não pagamento dos salários durante meses, a confiscação dos passaportes, a obrigação de viver em campos sobrelotados, a recusa do direito de criar sindicatos e a falta de acesso a água potável gratuita em tempo de calor excessivo são alguns dos problemas referidos numa resolução sobre a situação dos trabalhadores migrantes no Qatar, ontem aprovada em plenário.
O Parlamento Europeu apela à responsabilidade das empresas europeias que constroem estádios ou outros projetos de infraestruturas no Qatar "para que proporcionem condições de trabalho em conformidade com as normas internacionais dos direitos humanos". Os eurodeputados incentivam também os países da UE a tomarem medidas para assegurar que as suas empresas de engenharia, construção e consultadoria respeitem as orientações internacionais.
Mais meio milhão de migrantes esperados no Qatar para acelerar trabalhos para o Mundial
O Qatar é o país do mundo com a maior percentagem de trabalhadores migrantes em relação à população interna. Estima-se que haja 1,35 milhões de cidadãos estrangeiros, que constituem quase 90% da mão de obra do país. Os migrantes estão empregados principalmente nos setores da construção, serviços e trabalho doméstico.
Para acelerar os trabalhos de construção relacionados com o Campeonato Mundial de Futebol de 2022, espera-se que cheguem ao Qatar pelo menos mais meio milhão de trabalhadores migrantes vindos principalmente da Índia, do Nepal, do Bangladesh, do Paquistão, das Filipinas e do Sri Lanka.
Segundo a Confederação Sindical Internacional, as estatísticas fornecidas pelas embaixadas da Índia e do Nepal no Qatar revelam que, em média, todos os anos morrem no Qatar 200 trabalhadores de cada um destes dois países, uma situação que se pode agravar no período que antecede o Campeonato Mundial de 2022.
O próximo Campeonato Mundial de Futebol realiza-se no Brasil, em 2014, seguindo-se a Rússia, em 2018, e o Qatar, em 2022.
Resolução do Parlamento Europeu sobre o Qatar: a situação dos trabalhadores migrantes
http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT MOTION P7-RC-2013-0498 0 DOC XML V0//PT
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