UE-EUA: Parlamento Europeu defende parceria entre iguais, com autonomia estratégica para defesa e relações económicas
O Parlamento Europeu (PE) aprovou hoje um relatório sobre o estado da parceria transatlântica, a promoção da autonomia estratégica da UE e a cooperação com a Administração Biden.
O PE reitera o seu apoio à parceria transatlântica, com os dois blocos a trabalharem em conjunto como parceiros iguais. A assembleia congratula-se com o novo empenhamento dos EUA no multilateralismo baseado em regras, salientando que tal constitui uma importante oportunidade para revitalizar as relações transatlânticas.
“A UE deve procurar estabelecer parcerias de liderança com os EUA, centradas na prossecução de interesses comuns”, mas deve também “promover a sua autonomia estratégica em matéria de defesa e de relações económicas como meio de atender aos seus próprios interesses diplomáticos, de segurança e económicos legítimos”, acrescentam os eurodeputados num relatório hoje aprovado com 550 votos a favor, 83 contra e 55 abstenções.
Melhor coordenação e consulta sobre a China
O PE considera que é necessário explorar “domínios de convergência, uma eventual cooperação e uma melhor coordenação e consulta entre os EUA e a UE sobre a China”, a fim de evitar tensões transatlânticas, como as que se seguiram à adoção do acordo trilateral AUKUS celebrado entre os EUA, o Reino Unido e a Austrália sem consulta dos aliados da UE.
Saudando os recentes progressos na estratégia Indo-Pacífico da UE, os eurodeputados declaram que a coordenação com os EUA sobre a China deve focar-se, em particular, na proteção dos direitos humanos e das minorias, bem como no desanuviamento das tensões nos mares da China Meridional e Oriental, Hong Kong e ao longo do estreito de Taiwan.
Os parlamentares congratulam-se com o facto de a reunião inaugural do Conselho Tecnologia e Comércio ter tido lugar em 29 de setembro, em Pittsburgh, como previsto, “apesar das tensões, que têm de ser debatidas de forma aberta e franca”.
Ensinamentos retirados do Afeganistão
O PE lamenta a tomada violenta do Afeganistão pelos talibãs na sequência da retirada das forças norte-americanas e europeias e as consequentes violações generalizadas dos direitos humanos, apelando a uma profunda reflexão transatlântica sobre os ensinamentos retirados da missão no Afeganistão, com o objetivo de “tirar as conclusões necessárias para os futuros esforços destinados a promover a estabilidade, a segurança e a boa governação no mundo”.
Os eurodeputados instam os parceiros transatlânticos a dialogar com todos os países vizinhos do Afeganistão, tendo em conta a difícil situação do povo afegão que aí procurou refúgio e a necessidade de o ajudar.
A UE deve também intensificar a cooperação com os EUA e renovar a parceria estratégica em relação aos países da Parceria Oriental e dos Balcãs Ocidentais, diz o PE. A assembleia apela a uma maior coordenação sobre esta e outras matérias de política externa e sugere a criação de um Conselho Político Transatlântico destinado à consulta e à coordenação sistemáticas da política externa e de segurança, que deverá ser chefiado pelo chefe da diplomacia europeia e pelo Secretário de Estado dos EUA e apoiado por contactos regulares com os dirigentes políticos.
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