Emergência Médica: Problemas denunciados pelos utentes aumentaram 43.4% este ano
Os atrasos no atendimento da linha 112, devido à greve dos técnicos de emergência do INEM, terão resultado, alegadamente, em oito mortes. Contudo, os problemas na Emergência Médica não são de agora, como revelam os indicadores do Portal da Queixa. Este ano, o número de denúncias registadas na plataforma aumentou 43.4%, face ao ano anterior. As reclamações relatam casos de mau atendimento telefónico, falhas na assistência, recusa de socorro e tempo de espera elevado em situações de urgência.
Os problemas na Emergência Média têm vindo a agravar-se consideravelmente desde o início do ano, concluiu uma análise do Portal da Queixa aos indicadores de desempenho com base nas queixas públicas registadas pelos utentes.
Os dados analisados indicam que, desde o início do ano, chegaram à plataforma inúmeros alertas a denunciar o mau funcionamento quer da Linha 112, quer o desempenho do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Verificou-se que o número de reclamações registadas, entre 01 de janeiro e 8 de novembro, aumentou 43.4%, em relação ao período homólogo de 2023.
Entre os motivos de queixa, 65.8% das ocorrências reportam o mau atendimento telefónico. Referem-se a casos de atendimento inadequado ou onde houve dificuldade de contactar os serviços de emergência.
Já as falhas na assistência - queixas sobre insuficiências ou erros no atendimento durante situações de emergência – foram denunciadas em 15.8% das queixas.
A motivar 13.2% dos casos esteve a recusa no atendimento, onde os utentes relatam que o socorro foi negado ou houve impedimento no atendimento.
O tempo de espera elevado foi invocado em 5.3% das reclamações. Reportam-se a atrasos significativos na chegada da ambulância ou no atendimento urgente.
Rita Marques é um dos muitos casos que aponta o dedo ao atendimento da linha 112 ao denunciar o facto de um operador lhe ter desligado o telefone num cenário de urgência: “Hoje, liguei para o 112 para assistir um homem que estava inanimado, com falta de ar, na via pública. O profissional que atendeu a chamada foi arrogante, gritou comigo e desligou-me o telefone na cara. O homem foi socorrido quase 30 minutos depois, poderia ter corrido muito mal.”
Juliana Sousa reportou outro episódio de tempo de espera elevado. "No meu local de trabalho, houve um colaborador que se sentiu mal quase ficando inconsciente e então, seguimos o procedimento de ligar para o 112 ao qual não obtivemos qualquer tipo de resposta durante 20/25 minutos. E foram várias pessoas a ligar devido à emergência da situação e ao desespero."
Reputação do INEM
Segundo revela a análise sobre o Índice de Satisfação (IS) do INEM – avaliada com base na performance do organismo no que se refere à resposta e resolução dos problemas reportados – a pontuação é de 33.3 em 100. A Taxa de Solução é de 12.5%, no entanto, a Taxa de Resposta é de 92,3%.
Recorde-se que, há registo de oito mortes, alegadamente em consequência das perturbações no atendimento das chamadas ao 112 durante o período de greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM, que decorreu entre os dias 30 de outubro e 8 de novembro. O Presidente da República pediu “respostas rápidas” ao Governo e o primeiro-ministro respondeu que resolver os problemas do INEM “implica tempo”.
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