Saúde: constrangimentos nas urgências fazem disparam queixas. Obstetrícia lidera.
O Portal da Queixa tem recebido inúmeras reclamações de utentes a relatar constrangimentos no atendimento das urgências hospitalares. Desde o início do ano, foram apresentadas mais de 2.500 reclamações contra as entidades de saúde públicas e privadas. A grande fatia das queixas é dirigida aos hospitais e maternidades. A especialidade de Obstetrícia é a mais visada.
A crise que assola as urgências hospitalares do país não é nova, mas também está longe de ficar sanada, com a agravante de alguns casos terem um desfecho trágico, como
A demora no atendimento - com esperas a ultrapassar as doze horas, em vários casos relatados pelos utentes -, e a falta de assistência, com utentes a ter de ligar para o 112 à porta das urgências por não conseguirem ter assistência, são episódios que se repetem nos últimos anos.
A situação caótica observada de norte a sul do país tem sido denunciada junto do Portal da Queixa. À plataforma têm chegado inúmeras reclamações registadas por utentes que têm enfrentado vários problemas, sobretudo nas urgências.
Este ano, já foram publicadas 2.593 reclamações dirigidas aos prestadores de cuidados de saúde públicos e privados. Os dados analisados indicam que é o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que absorve o maior volume de queixas (13.2%), seguindo-se um grupo de saúde privado, a Saúde CUF, a recolher 10.8% dos casos.
Entre as especialidades mais reclamadas, nos setores público e privado, é a Obstetrícia que lidera com 15% das reclamações. Já a especialidade de Pediatria motivou 10.6% das queixas dos utentes.
Principais motivos de reclamação
A demora no atendimento domina os motivos das reclamações, seja no privado ou público, gerando 21% das denúncias feitas este ano. Na origem de 15.4% esteve o mau atendimento da unidade de saúde e a falta de informação foi o problema reportado em 10.5% das ocorrências.
Das reclamações relacionadas com os serviços de urgência, as queixas vão desde as horas intermináveis na sala de espera (média a ultrapassar as 12 horas), a incapacidade de o hospital responder a casos urgentes, o mau atendimento, a falta de condições para receber tantos utentes e o fecho inesperado da urgência hospitalar.
Dos casos denunciados no Portal da Queixa, são inúmeros os relatos de experiências negativas.
Sara Martins é uma grávida que, em julho, denunciou a recusa de atendimento da urgência de Obstetrícia do Centro Hospitalar de Leiria: “Uma grávida com falta de ar, tontura e com infeção respiratória (Covid) a não sentir a criança e recusaram mesmo atender, é uma vergonha este país.”
Na reclamação dirigida, esta semana, ao Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca, Nuno Coelho queixou-se de uma demora no atendimento de nove horas: “Como é possível um atendimento de urgência demorar 9 horas? As urgências estiveram várias horas sem chamar uma única pessoa, não se entende como são escalados os médicos, este hospital não tem urgências, as pessoas são encaixotadas e aguarda-se que ou desistam ou a sua situação piore para que efetivamente se faça algo.”
Maiores deficiências nas urgências de Obstetrícia
O plano de Verão para as urgências de obstetrícia/ginecologia foi acordado entre o Ministério da Saúde, os diretores clínicos e os presidentes dos conselhos de administração dos hospitais envolvidos, no entanto, os maiores constrangimentos de escalas de profissionais de saúde e os serviços fechados continuam a verificar-se em Lisboa e Vale do Tejo nas áreas da obstetrícia e pediatria. Recorde-se que, em 2022, as deficiências destes serviços resultaram na morte de um bebé no Hospital das Caldas da Rainha. E outros casos graves se seguiram, mais recentemente, o caso de um grávida com um aborto espontâneo que viu ser negada a assistência também no Hospital das Caldas da Rainha.
De referir que, os utentes podem consultar, desde o final de junho, os serviços de urgência disponíveis nos próximos sete dias através de uma página interativa no portal SNS.
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