Perigo à espreita na Internet. Burlas online geram 20 queixas por dia
Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Internet, é importante relembrar que os perigos online ainda se escondem à espreita, colocando milhares de consumidores em risco de se tornarem vítimas de burla ou fraude. No Portal da Queixa, as burlas online já geraram mais de 2.700 reclamações ao longo de 2021, uma média de 20 queixas por dia. Os prejuízos dos lesados ascendem os 500 mil euros. E afinal quais são os principais tipos de burla que acontecem na Internet? O Portal da Queixa responde e aponta várias dicas aos consumidores para evitar que caiam em esquemas.
Entre o dia 1 de janeiro e o dia 19 de maio de 2021, chegaram ao Portal da Queixa 2.745 reclamações relacionadas com burlas online, um crescimento de 24% face ao período homólogo, onde se verificaram 2.182 queixas. De referir que, em 2020, o número de reclamações relacionadas com burlas online disparou 69% face ao ano anterior.
A análise da equipa do Portal da Queixa revela que, no primeiro trimestre do ano, o total de reclamações reportadas pelos consumidores ultrapassou sempre as 600 queixas mensais.
Só em maio - até ao dia 19 -, a maior rede social de consumidores de Portugal já recebeu 300 reclamações relacionadas com burlas online.
São vários os tipos de esquemas praticados que são denunciados pelos consumidores no Portal da Queixa:
Apostas desportivas
Vânia Correia, conta na sua reclamação que foi vítima de burla no âmbito de uma aposta desportiva: “Fui vítima de burla no valor de 280€. O que se passou foi o seguinte, entrei numa coisa de apostas desportivas e investi um certo valor, 80€ iniciais e 200€ finais, de seguida iria receber o meu valor ganho (700€) através do nib bancário, mas até agora não recebi nada, porque lá está foi uma burla.”
Burlas nas redes sociais:
Diogo Branco é outro português lesado através de um compra online, no seu caso, via Facebook. “Após ter sido alvo de burla no Marketplace do Facebook, fiz denúncia ao Facebook, e para meu espanto a conta do assaltante continua ativa e a tentar burlar outras pessoas. Pensava que o Facebook era uma empresa séria e que protegia os assinantes. Se nada for feito deixarei de usar a empresa e eliminarei a conta dessa mesma empresa que se afirma ser honesta e protetora.”
MB WAY:
São amplamente conhecidos os esquemas praticados com recurso à aplicação MB WAY. Cristina Batalha, foi alvo de várias tentativas de burla após colocar um anúncio no OLX. Janeth Camacho, é outro consumidor que descreve na sua reclamação mais uma tentativa de burla através do MB WAY.
5 PRINCIPAIS FORMAS DE BURLA UTILIZADAS NO AMBIENTE DIGITAL
- Sistemas de pagamentos eletrónicos – Com a evolução tecnológica a garantir, cada vez mais, rapidez e flexibilidade nas transações financeiras entre particulares, as formas de pagamento digitais, foram essenciais para a sustentabilidade da economia, durante o tempo de estado de emergência na pandemia. Este novo comportamento atingiu números recordes, nunca antes visto, relativamente à utilização de meios digitais para efetuar pagamentos à distância. No entanto, a falta de experiência – já adquirida anteriormente em meios mais tradicionais como o multibanco, o cheque e o dinheiro físico – revelou ser o tendão de Aquiles da grande maioria dos novos utilizadores destas tecnologias. A utilização de referências bancárias e as apps financeiras como a Revolut ou o MB WAY, foram as principais armadilhas para os mais incautos e com menos literacia digital. A segurança na utilização destas ferramentas digitais não está em causa, contudo, a inexperiência na sua utilização deu lugar a milhares de consumidores lesados financeiramente.
Lição: apenas utilize meios de pagamento que entenda o seu funcionamento, com a garantia que não coloca o seu património financeiro em perigo.
- Forex e Apostas Desportivas – O mundo online reduz barreiras no espaço e no tempo, permitindo o acesso a informação, que de outra forma seria praticamente inalcançável por grande parte da população. Os investimentos em Forex foram um fenómeno de crescimento em Portugal, potenciado maioritariamente pelos Youtubers nacionais, com promessas de enriquecimento fácil. Infelizmente, os resultados foram desastrosos para os bolsos dos consumidores que decidiram acreditar que o risco é diminuto, quando na realidade a taxa de perda ronda os 87%, neste tipo de investimento, que só os mais experientes conseguem lucrar. Noutro patamar, encontram-se as apostas desportivas que apenas têm em comum com o Forex, serem promovidas também pelos Youtubers e influencers nas redes sociais, neste caso com esquemas de probabilidade de ganho, que expectavelmente também se mostraram infrutíferas.
Lição: ganhar dinheiro fácil não é possível em nenhuma circunstância, principalmente quando envolve alto risco de perda. Procure investimento com menor risco e garantia de retorno e desconfie sempre de influencers que promovam a sua liberdade financeira.
- SMS e Emails fraudulentos – Tem sido muito frequente a receção de mensagens eletrónicas a anunciar que foi premiado(a) num concurso ou que tem uma encomenda a aguardar o seu desalfandegamento. Todas têm uma ligação que NUNCA deve clicar, que remete para um formulário onde solicitam os seus dados pessoais e a introdução dos números do seu cartão de crédito, para o pagamento de um valor simbólico de 1€, como forma de comprovar a sua intenção e receção do produto. No caso de ter participado num concurso organizado por uma marca conhecida no mercado, contacte-a sempre diretamente pelos seus canais digitais ou telefone e nunca através da ligação presente na mensagem. Deve proceder igualmente em conformidade, caso tenha realmente uma encomenda em expedição, solicitando mais informações aos CTT ou outro operador logístico.
Lição: nunca abra ligações desconhecidas através de SMS, pois podem conter ficheiros maliciosos para aceder a informações bancárias através do seu equipamento móvel, além de remeterem para páginas online que apenas pretendem roubar dados pessoais.
- Compras online pelo Facebook ou Instagram – Grande parte da população online tem um perfil ou mais, nas redes sociais como o Facebook, Instagram, Tik Tok ou Twitter. Embora existam perfis de marcas reconhecidas no mercado, estas são verificadas e dispõem desse ícone visual normalmente ao lado do nome que aparece no perfil. Isto quer dizer que os responsáveis pela plataforma social, procederam à verificação da marca, com vista à garantia da sua veracidade. O mesmo já não acontece com as marcas que não são conhecidas do grande público, mas que aparecem às centenas, a vender todo o tipo de produtos de vestuário, calçado desportivo, acessórios de moda, gadgets e tecnologia, etc. Estas, na sua maioria, não são empresas, são particulares que criam, com a maior das facilidades, um perfil empresarial nas redes sociais. Parecem marcas estruturadas e empresas de confiança, mas facilmente consegue-se perceber que não é bem assim. Ora vejamos, nunca têm informação de morada física, designação social, telefone fixo e raramente enviam fatura (quando enviam) com um número fiscal coletivo. Estas são as informações cruciais para exigir os seus direitos enquanto consumidor(a), caso algo corra mal.
Lição: “o barato saí caro” é perfeitamente aplicado nestes casos. Nunca decida em função do preço se não garantir a segurança necessária na compra, pois de outra forma arrisca a não receber o produto e não conseguir a exigência do reembolso.
- Roubo da conta de WhatsApp – foi talvez uma das redes sociais de conversação que mais cresceu nos últimos anos. No entanto, é das que menos segurança oferece. São muitos os utilizadores que recebem mensagens ou telefonemas a referir que existe um problema com um determinado serviço (apólice de seguro, conta de eletricidade, etc.) e sob pressão na urgência para a resolução, o burlão solicita a leitura de um código recebido por SMS, durante a conversa, com vista a confirmar a intenção de obter ajuda para resolver o tal problema. A questão é que inadvertidamente a vítima fornece o código de configuração do WhatsApp ao burlão, permitindo-o instalar a App com o número da vítima, acedendo a toda a sua informação disponível nas conversas guardadas. Além dessa fragilidade, onde normalmente existem conversas privadas, acedem também aos contactos mais próximos, como familiares e amigos, fazendo-se passar pela vítima, pedido dinheiro como se encontrassem numa situação de aflição momentânea. Quando a vítima consegue entrar em contacto com o raptor da conta, este por sua vez, exige um pagamento (normalmente em bitcoins) como forma de resgate.
Lição: nunca forneça, em circunstância alguma, códigos a terceiros que receba no seu equipamento telefónico, pois são sempre pessoais e intransmissíveis.
“O aumento da procura através dos canais digitais, por parte dos consumidores portugueses, é uma consequência da conjuntura atual devido à pandemia, que veio para ficar, criando pressão sobre as marcas ao exigirem a digitalização da grande maioria dos seus serviços. Esta nova realidade, veio potenciar os perigos que se escondem nas compras online. Para combater este problema, temos em marcha um movimento cívico nacional – #NãoSejasPato – que tem como principal objetivo ajudar a aumentar o conhecimento e a capacidade dos consumidores portugueses, para comprarem em segurança através da Internet, promovendo a literacia digital e financeira e educando a sociedade de consumo para não cair em esquemas de fraude e burlas online.”, afirma Pedro Lourenço, CEO & Founder do Portal da Queixa by Consumers Trust.
Sobre o Portal da Queixa:
O Portal da Queixa é uma plataforma global de comunicação entre consumidores e marcas que foi fundada em junho de 2009. Hoje, posiciona-se como a maior rede social de consumidores do país, sendo uma referência nacional em matéria de consumo e um Marketplace de reputação para marcas.
O Portal da Queixa é visitado por mais de 3 milhões de consumidores por mês e recebe uma média mensal de 15.000 reclamações. Tem mais de 500.000 utilizadores registados e 9.000 marcas estão presentes na plataforma.
A maioria das pessoas procura a plataforma para comunicar diretamente com outros consumidores, marcas e entidades públicas, bem como, para compararem marcas com base no Índice de Satisfação. Mais de 90% dos visitantes do Portal da Queixa, não efetua uma reclamação, pesquisa informações sobre uma marca ou serviço antes de procederem à decisão da compra final.
O crescimento exponencial e a consolidação do Portal da Queixa como um dos principais influenciadores nacionais em matéria de consumo, permitiu alcançar um novo posicionamento ao internacionalizar a sua plataforma para mercados com Espanha (Libro de Quejas) e África do Sul (Complaints Book), através do lançamento da sua marca global: Consumers Trust.
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